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Podcast MHN: primeiro episódio da série aborda o Arquivo Histórico

Durante a 4ª Semana Nacional de Arquivos, cuja data nacional é celebrada em 9 de junho, o Museu Histórico Nacional lança o podcast “Museu e histórias”: uma série de programas que tem o MHN como personagem central.

No primeiro episódio, a equipe de comunicação do MHN conversa com Daniella Gomes, arquivista responsável pelo Arquivo Histórico do museu, sobre coleções e outros temas que envolvem arquivos. Confira abaixo a transcrição da entrevista – que você pode ouvir em nosso perfil no Spotify.

Para começar, conte-nos um pouco sobre a história do Arquivo Histórico do museu histórico nacional
DG: O Arquivo Histórico do Museu Histórico Nacional foi oficialmente criado em 1954 e chamava-se Arquivo Central. O acervo que o compõe já fazia parte do museu e foi inventariado pela primeira vez em 1945, quando houve uma separação metodológica entre os acervos tidos como museológicos e documentais. Somente em 1975 o Arquivo recebeu o adjetivo ‘histórico’, diferenciando-o, assim, do Arquivo Institucional.

E como foi essa transição entre ‘museológico’ e ‘arquivístico’?
DG: O Arquivo Histórico é resultado dos novos entendimentos e práticas. Novas concepções quanto a tipologias de acervos, suportes e, sobretudo, as diferentes abordagens que cada uma delas demandaria. Este acervo, outrora abarcado por um entendimento lato sensu do que seria um acervo museológico, encontrará seu lugar de guarda, tratamento e organização no AH.

Às coleções que inauguraram o Arquivo Histórico foram acrescidas outras. As coleções passaram então a ser identificadas e organizadas segundo diretrizes teórico-metodológicas da Arquivística, área da Ciência da Informação que em muito dialoga com a Museologia, mas que conta com práticas e diretrizes próprias.

Conte-nos agora um pouco sobre você e a equipe do Arquivo Histórico
DG: Eu sou Daniela Gomes, arquivista responsável pelo Arquivo Histórico do MHN. Além de mim, a equipe é formada ainda pelas historiadoras Barbara Primo e Isabel Lenzi.

a arquivista Daniella Gomes e as historiadoras Barbara Primo e Isabel Lenzi compõem a equipe do Arquivo Histórico do MHN

a arquivista Daniella Gomes e as historiadoras Barbara Primo e Isabel Lenzi compõem a equipe do Arquivo Histórico do MHN

A equipe tem uma vasta experiência no campo dos museus. Antes do MHN, Bárbara Primo, por exemplo, foi pesquisadora do Museu Palácio Rio Negro (Museu da República), em Petrópolis, e do Museu de Arqueologia de Itaipu, em Niterói. E Isabel Lenzi trabalhou no Museu do  Índio, Museu da República e na Casa Geyer (Museu Imperial) aqui no Rio.

E quantas coleções existem hoje no Arquivo Histórico do MHN?
DG: O acervo do Arquivo Histórico conta hoje com 174 coleções, perfazendo um total de quase 62 mil itens. Salvo as poucas coleções que estão sendo inventariadas, as demais encontram-se organizadas e disponíveis para consulta. No momento, devido à pandemia de coronavírus que enfrentamos, as consultas presenciais estão suspensas – mas há uma boa parte já online.

Você poderia destacar algumas destas coleções?
DG: Eu vou citar as coleções que integram, em conjunto com outras instituições de memória, do Registro Programa Memória do Mundo da Unesco. A coleção fotográfica sobre a Guerra do Paraguai, que integra tanto o Programa Memória do Mundo América Latina e Caribe quanto o Internacional.

A coleção fotográfica de Juan Gutierrez, com enfoque para a Revolta da Armada, que integra o Programa Memória do Mundo Nacional, e a coleção de partituras Carlos Gomes, que também faz parte do Programa Memória do Mundo Internacional.

O Arquivo Histórico também tem disponível algumas coleções que foram digitalizadas e estão online. Fala um pouco desse material que está acessível ao público
DG: Temos algumas coleções bem interessantes online. Vou me concentrar naquelas que abordam mulheres que fazem parte da história do Brasil. A coleção baronesa de Loreto, por exemplo, é composta, sobretudo, de cartões postais retratando a família imperial, enviados para a baronesa pela princesa Isabel e outros membros da família quando já se encontravam no exílio, após a proclamação da República em 1889.

Outra interessantíssima é a coleção Nair de Teffé, que foi a primeira mulher caricaturista do Brasil, e é composta de 28 caricaturas em aquarela. Também destaco a rica coleção Sophia Jobim, que foi professora de Indumentária Histórica da Escola Nacional de Belas Artes. A coleção tem mais de seis mil itens – como desenhos aquarelas, colagens, fotografias, manuscritos…Todas as coleções digitalizadas do Arquivo Histórico estão na biblioteca digital do MHN para acesso e download gratuitos.

Estamos na 4ª Semana Nacional de Arquivos, que tem como tema em 2020 “Empoderando a sociedade do conhecimento”. Como vocês vêm a contribuição do Arquivo Histórico do MHN para o desenvolvimento de pesquisas?
DG: O Arquivo Histórico do MHN  guarda importantes documentos para a pesquisa histórica. Além da pesquisa para apoio às atividades do museu, nas áreas expositiva e educativa, o arquivo oferece aos pesquisadores material para teses, filmes, exposições, livros entre outros.

A maior parte dos atendimentos a pesquisadores é feita presencialmente, porém, muitas vezes, na impossibilidade de deslocamento do pesquisador ao Rio de Janeiro, esta pode ser feito de modo remoto, já que uma parcela considerável das coleções está digitalizada e online, podendo ser acessadas pela biblioteca digital do MHN e pelo portal Brasiliana Fotográfica.

Para encerrar, como vocês veem o Arquivo Histórico do MHN no quadro geral dos arquivos brasileiros?
DG: O Arquivo Histórico do MHN é composto por arquivos pessoais e coleções temáticas/tipológicas, importante distinguir esse aspecto, pois os critérios de organização desse tipo de acervo não seguem a lógica de um arquivo institucional, por exemplo.

Somos um arquivo pequeno comparando-o com grandes instituições. Mas temos pérolas em nosso acervo, digamos assim, como algumas que citei aqui além de outras – como escritos de José de Alencar, aquarelas de José dos Reis Carvalho, desenhos e o passaporte de Rugendas…

O que devemos buscar é a integração dos acervos, pois muitos estão fragmentados em diferentes instituições. Por isso, é importante fortalecermos a Norma Brasileira de Descrição Arquivística (Nobrade), que tem como um de seus objetivos o intercâmbio de informações entre instituições.

Para outas informações sobre o Arquivo Histórico do MHN faça contato pelo correio eletrônico mhn.arquivo.historico@museus.gov.br.

Texto: Ascom/MHN
Foto: Divulgação/Arquivo pessoal

 

Podcast MHN: primeiro episódio da série aborda o Arquivo Histórico

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