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MHN abre nova exposição de longa duração sobre povos originários do Brasil

No dia 9 de fevereiro, o Museu Histórico Nacional abre o público sua nova exposição de longa duração: “Îandé – aqui estávamos, aqui estamos”.

A exposição, que traz um novo olhar para abordar a trajetória dos povos originários brasileiros desde antes da chegada dos portugueses até os dias atuais, será inaugurada às 14h30 com a roda de conversa “Memórias e museus indígenas”, com representantes dos povos Kanindé (CE) e Yawanawá (AC).

A seguir, acontece uma apresentação cultural também no espaço da exposição. No mesmo dia 9, acontece ainda uma feira de arte indígena no pátio da Minerva – térreo do museu.

Dividida em dois eixos temáticos – “Arqueologia” e “Povos originários” –, a exposição apresenta importantes objetos etnográficos – desde o tacape que pertenceu ao líder indígena Tibiriçá, no século XVI, até um colar usado em rituais contemporâneos dos Yawanawá.

"Akangatara_Nike": trabalho do artista indígena Denilson Baniwa faz parte da exposição Îandé. Foto: Manuel Águas.

“Akangatara_Nike”: trabalho do artista indígena Denilson Baniwa faz parte da exposição Îandé. Foto: Manuel Águas.

Obras contemporâneas de artistas indígenas, como Denilson Baniwa, Diakara Desana, Mayra Karvalho e Tapixi Guajajara, completam a mostra, que faz uma reformulação conceitual e expográfica, após 16 anos, da exposição de longa duração sobre os povos originários brasileiros, alinhada ao tema do centenário do MHN – “Escuta, conexões e outras histórias” – e às perspectivas contemporâneas dos povos originários.

Realizada por representantes dos núcleos técnicos do museu, consultores e curadores externos, a exposição tem patrocínio do Instituto Cultural Vale, via Lei Federal de Incentivo à Cultura, e apoio da Associação dos Amigos do MHN.

“O discurso do museu sobre a história do Brasil tem sido alvo de uma reflexão crítica, especialmente neste momento em que celebramos 100 anos de existência”, diz Pedro Colares Heringer, diretor substituto do Museu Histórico Nacional.

“Isso tem gerado uma revisão conceitual de nossas perspectivas. Îandé é fruto desse esforço e da necessidade de dar protagonismo às histórias que durante muito tempo foram invisibilizadas”, conclui.

A exposição convida à reflexão sobre a nossa própria história sem deixar de lembrar que, a todo tempo, muitas outras estão sendo escritas. Somos um conjunto de experiências diversas que percorre tempos e espaços, conectados por uma teia, muitas vezes invisível, que liga ideias e sentimentos e gera conceitos e tradições. “Îandé”, em tupi, significa “nós e vocês”.

Eixos temáticos
A exposição será dividida em dois grandes eixos. O primeiro, “Arqueologia”, traz parte dos vestígios e do legado dos povos originários no Brasil. Com a colaboração de especialistas da arqueologia brasileira, o MHN ser propõe a reescrever a história, iluminando e evidenciando os indígenas, suas perspectivas e discursos, por muito tempo ausentes e à margem da história oficial.

O segundo eixo, “Povos originários”, apresenta um panorama dos povos indígenas, mostrando sua diversidade, sua cultura material e objetos, como vivem hoje, os museus dedicados à causa, além de um espaço para as vozes e as lutas indígenas e a arte contemporânea.

Máscara Kalapalo, que integra o acervo do MHN desde os anos 1970, estará em exposição. Foto: Jaime Acioli.

Máscara Kalapalo, que integra o acervo do MHN desde os anos 1970, estará em exposição. Foto: Jaime Acioli.

Nesse eixo, destacam-se alguns núcleos. “Os povos originários hoje” reflete sobre a diversidade de identidades, sistemas sociais e culturais, modos de viver e visões de mundo que marcam a vida contemporânea destes povos – cada vez mais protagonistas nos mais variados âmbitos da sociedade brasileira.

Nessa perspectiva, “Waapówa: nosso caminho, nossa história” faz uma introdução à produção artística indígena atual, com curadoria do artista e curador indígena Denilson Baniwa.

“Neste pequeno recorte vemos uma perspectiva de povos do norte-nordeste sobre sua própria trajetória. Ambos os trabalhos, a partir da visão de seus povos, afirmam uma única história: este lugar que pisamos sempre foi terra indígena”, explica Baniwa.

A diversidade dos povos originários no Brasil está presente também em objetos que compõem o acervo do Museu Histórico Nacional, evidenciando usos, costumes e hábitos integrados ao cotidiano brasileiro, e questionando sobre o que estes itens dizem sobre a contemporaneidade e a história dos mais de 250 povos que vivem hoje no país.

Outra novidade é o “Espaço da meia-lua”, pensado para ser um local de promoção das vozes e das lutas indígenas, que contará com mini exposições temporárias. A primeira delas, com peças do próprio MHN, homenageia o povo Ianomami.

Os Museus indígenas também têm lugar em Îandé. Em um espécie de ‘museu dentro do museu’, Alexandre Gomes, Antônia Kanindé e Suzenalson Kanindé apresentam a história do Museu Kanindé, do Ceará, e as memórias de lutas, resistências, afirmação e valorização da identidade e das suas práticas culturais.

Serviço
Exposição “Îandé – aqui estávamos, aqui estamos”
A partir de 9 de fevereiro de 2023 (exposição de longa duração)
De quarta a sexta, das 10h às 17h. Sábado e domingo, das 13h às 17h.
Entrada franca.

Texto: Beatriz Caillaux/Midiarte.net
Edição: Ascom/MHN
Foto capa (site): Urna funerária marajoara/Jaime Acioli

MHN abre nova exposição de longa duração sobre povos originários do Brasil

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