“Nas Asas da Panair” é a nova exposição que o Museu Histórico Nacional (MHN) inaugura no dia 11 de julho, às 11h30, e pode ser visitada até 29 de setembro.
Sob curadoria da historiadora Mariza Soares, a mostra apresenta itens da coleção criada em 2017, como resultado de uma parceira entre a empresa Panair do Brasil e a Família Panair, uma associação que reúne antigos funcionários da companhia. Ao longo de um ano foram coletados quase 700 peças, entre objetos e material de divulgação impresso.
Quase todos contribuíram com folhetos, medalhas comemorativas, uniformes, adereços, louça, maletas de mão, brindes, fotografias, fitas e CDs com entrevistas, outros tipos de documentos e pequenos luxos – como protetor de caneta tinteiro, guardanapo de linho e talher de prata dos “tempos da Panair”. Alguns objetos foram adquiridos nos leilões de liquidação da empresa.
Desde sua concepção inicial, foi prevista a doação da coleção ao MHN. Durante dois anos, Rodolfo da Rocha Miranda, diretor-presidente da Panair do Brasil, coordenou a coleta da memorabilia, que foi, concomitantemente, organizada por historiadores e museólogos.
Todos os colaboradores tiveram os itens doados cadastrados e fotografados. A Panair do Brasil financiou a construção da coleção e esta exposição como uma homenagem a seus funcionários, familiares e todos os que, ao longo dos últimos cinquenta anos, contribuíram para manter viva a memória da empresa e daqueles que contribuíram com ela.
MHN e a coleção Panair
Esta coleção é a primeira sobre uma empresa que o MHN incorpora. A inovação decorre principalmente do fato de ela ser constituída por doação e participação de ex-funcionários da empresa e familiares em colaboração com a equipe do MHN.
“A companhia de aviação Panair é o símbolo de uma época do Brasil quando a viagem de avião representava um ideal de vida moderna. O contato direto com as peças da coleção aproxima todos da história de modo sensível”, fundamenta o diretor do MHN, Paulo Knauss.
A historiadora Mariza Soares explica sua curadoria: “Para esta mostra foram selecionados os itens que atestam a modernidade da empresa e seu alto padrão de funcionamento, então conhecido como ‘padrão Panair’. Mas mais que isso a coleção atesta a determinação da Família Panair de preencher o vazio que o fechamento da empresa deixou em suas vidas”.
“Os doadores, antigos funcionários e seus familiares, o fizeram na certeza de que ao ceder suas relíquias pessoais a uma instituição como o Museu Histórico Nacional abrem mão delas para criar uma coleção coletiva que irá sobreviver a todos e prolongar a memória da empresa e de seus funcionários”, argumenta Mariza Soares.
O conjunto da mostra ilustra o conceito curatorial de modernidade e alta qualidade com cerca de 300 artigos: vestuário da tripulação, louça, faqueiro de prata, brindes, fotos pessoais e documentais, encontradas na Biblioteca Nacional e no Arquivo Nacional, e matérias de jornal, principalmente da época do fechamento da Panair.
Há uma vasta seleção de peças gráficas promocionais de roteiros nacionais e internacionais, folhinhas, menus de bordo, encarte para passagens e outros materiais de folheteria. A mostra pode ser visitada até 29 de setembro na galeria de exposições temporárias do MHN.
Sobre a Panair
Há exatos 90 anos, em 1929, surgia no Brasil uma subsidiária da americana Nyrba (Nova Iorque – Rio – Buenos Aires) que, no ano seguinte, incorporada pela Pan American, passou a se chamar Panair.
Em 1961, com a entrada dos empresários Celso da Rocha Miranda (1917-1986) e Mario Wallace Simonsen (1909-1965), a Panair teve seu longo processo de nacionalização concluído. Era a Panair que, nos anos 1930 atendia a Amazônia, promovendo a integração da região com o resto do país. Com seus hidroaviões, levava carga e remédios e transportava doentes.
A Panair do Brasil se tornou a segunda maior companhia aérea do mundo e a excelência de atendimento nos voos e em terra rendeu-lhe a expressão “padrão Panair” para designar qualquer coisa que fosse de alta qualidade fora do âmbito da aviação.
Em 10 de fevereiro de 1965, a Panair do Brasil teve suspensas todas as suas concessões de voo, por um despacho do presidente da República Marechal Castello Branco.
A alegação, provadamente inverídica, foi a de que a situação financeira da empresa era irrecuperável. Sem poder operar, a companhia dispensou os funcionários, mas a saúde financeira da companhia permitiu que todos fossem indenizados.
No ano seguinte, ainda sob o choque do desmonte da empresa, foi criada a Família Panair. Desde 1966, o grupo se encontra uma vez por ano para preservar a memória da companhia e a amizade entre eles.
Panair na memória
A canção de Milton Nascimento e Fernando Brant, escrita em 1974, tinha o título “Saudade dos aviões da Panair”. A empresa fora fechada pelo governo militar e, por precaução, os autores criaram um segundo título: “Conversando no bar”. Foi em um voo da Panair que Brant tomou a primeira coca-cola da sua vida e o menino Milton, segundo ele próprio, era convidado a visitar a cabine de comando quando viajava com os pais.
Em 2005, o jornalista paulista Daniel Leb Sasaki publicou o livro “Pouso forçado”, relançado em 2015 em edição muito ampliada, depois da Lei de Acesso à Informação e da Comissão Nacional da Verdade, que propiciaram ao autor acesso a material inédito. A primeira edição foi indicada ao Prêmio Jabuti.
O cineasta Marco Altberg lançou, em 2007, o documentário “Nas Asas da Panair – uma história de glamour e conspiração”, que narra a história da companhia através de depoimentos de ex-funcionários, dos familiares do seu presidente, Paulo de Oliveira Sampaio, dos acionistas Rocha Miranda e Simonsen e ex-passageiros, como Eduardo Suplicy, Norma Benguell, Milton Nascimento e Fernando Brant.
A exposição “Nas asas da Panair” é uma realização do MHN/Ibram, com patrocínio da Panair do Brasil, produção da Artepadilla e apoio da Associação de Amigos do MHN.
Serviço
Exposição “Nas Asas da Panair”
De 11 de julho a 29 de setembro de 2019
Museu Histórico Nacional – Praça Marechal Âncora S/N – Centro – Rio de Janeiro, RJ
De terça a sexta, 10h às 17h30; sábado, domingo e feriado, 13h às 17h
Ingressos: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia). Entrada gratuita aos domingos
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Outras Informações: (21) 3299 0324 – recepção do museu.
Texto: Meise Halab/Artepadilla
Edição: Ascom/MHN
Fotos: Jaime Acioli/Divulgação