Mesmo fechado devido à pandemia do novo coronavírus, o Museu Histórico Nacional tem levado conteúdos diversos aos seus públicos por meio das redes sociais. Com o início do segundo semestre, o museu traz uma série de novidades.
Neste quinto episódio do Podcast MHN “Museu e histórias”, a equipe de Comunicação conversa com Maria De Simone (foto), museóloga e atual Coordenadora Técnica do museu. Além da programação virtual para o segundo semestre de 2020, De Simone conta como tem sido a experiência do trabalho remoto, as expectativas para a reabertura ao público e como o MHN se prepara para seu centenário em 2022. Confira abaixo a transcrição da entrevista – que você pode ouvir gratuitamente em nosso perfil no Spotify ou no Google Podcasts.
O MHN fechou ao público no mês de março devido à pandemia do novo coronavírus assim como também as equipes estão em teletrabalho há cerca de cinco meses. Como tem sido esse tempo de trabalho à distância?
MS: O trabalho à distância tem se revelado bastante produtivo, apesar de toda a excepcionalidade do momento. Sabemos que foram as circunstâncias da pandemia de Covid-19 que nos levaram ao regime de teletrabalho por medida de segurança. Essa não era, até então, uma modalidade de trabalho praticada no Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), ao qual o Museu Histórico Nacional está vinculado.
No entanto, o trabalho realizado de nossas casas mostrou outras possibilidades. Por exemplo, temos podido nos ater à produção de documentos importantes, como o Plano de Gestão de Riscos do museu: um trabalho que demanda um tempo maior de discussão e de análise, tempo esse que muitas vezes a gente não dispõe no cotidiano do museu, com as demandas relacionadas diretamente ao acervo, especialmente nas áreas de guarda e de exposição.
O que se sobressai no teletrabalho é a necessidade constante de comunicação entre as equipes por meio digital, tanto para a elaboração quanto para a execução das tarefas mesmo em meio a uma situação tão nova e complexa para todos.
Estamos no início do segundo semestre e a situação da pandemia no Brasil parece ir se estabilizando em algumas cidades – mesmo com números ainda elevados. Como você vê a possibilidade de retorno dos funcionários ao museu e a reabertura do MHN ao público?
MS: Até o momento não existe uma previsão oficial, por parte do Ibram, para o retorno das equipes ao trabalho presencial e, consequentemente, para a reabertura do museu ao público. Entretanto, esse tema tem sido discutido e o Ibram publicou recentemente um Plano de Contingência de Covid-19, que também envolve os museus da sua rede.
Nós fizemos, recentemente, uma consulta ao corpo de funcionários do MHN, e eles nos enviaram sugestões com um olhar para este cenário e como poderia ser um possível retorno. A proposta é que o museu possa produzir um protocolo de prevenção de higiene e segurança para os funcionários e para o público em geral. Então, existe sim a possibilidade de retorno das atividades in loco nesse segundo semestre, mas sem uma vacina para o novo coronavírus, nós precisaremos realizar essa volta de maneira gradual e com todo o cuidado possível.
O MHN, assim como os demais museus brasileiros, tem apostado em ações virtuais e em conteúdos digitais para manter a relação com seus públicos ao longo destes meses. Você pode falar um pouco como está a agenda do museu para o segundo semestre de 2020?
MS: Com certeza! Estamos com uma série de atividades previstas para acontecer nestes próximos meses, como você bem destacou, em formato virtual. Eu chamaria atenção para o lançamento dos Anais do MHN do ano de 2020, que acabam de ser lançados e estão disponíveis online em anaismhn.museus.gov.br. Este volume foi organizado por Fernanda Castro, técnica em Educação do MHN, em torno do tema educação museal. Outra novidade é que esse volume dos Anais dá início à periodicidade semestral – resultado da migração da versão impressa para a digital.
Além disso, teremos uma programação variada para a Primavera dos Museus 2020, que acontece em todo o país entre os dias 21 e 27 de setembro, e tem como tema esse ano “Mundo digital: museus em transformação”.
Vai ter lançamento de livro digital sobre educação museal, o primeiro volume de uma série, e um webinário também com foco nesse tema. Um outro webinário será sobre a produção de livros multiformato acessíveis. E tem ainda uma contação de história online sobre o mito de criação Iorubá.
Também está previsto o lançamento de alguns episódios no Instagram do MHN sobre a pintura “A ilusão do Terceiro Reinado”, do artista Aurélio de Figueiredo. O quadro, que é mais conhecido como “O último baile da Ilha Fiscal”, vai ser comentado por Isabel Lenzi, historiadora do Arquivo Histórico do museu.
Esses são os eventos da Primavera dos Museus. Mas teremos ainda em outubro, mês de comemoração da criação do MHN, a transmissão online do nosso já tradicional Seminário Internacional, cujo tema este ano é “Miradas descoloniais para os centenários portugueses”.
O seminário acontece nos dias 13 e 14 de outubro e conta com a participação de especialistas brasileiros e estrangeiros. Estes são, por enquanto, os eventos confirmados e que poderão ser acompanhados pelos nossos públicos nas redes sociais do MHN. Certamente surgirão outros eventos mais até o fim do ano!
Diante desse novo arranjo, no qual as ações virtuais ganharam uma visibilidade até então desconhecida, como você vê o MHN nesse novo cenário?
MS: Eu percebo que o MHN assim como outros tantos museus vão ter que fortalecer ainda mais os seus setores de comunicação e investir, de fato, nas novas tecnologias de informação e comunicação. O contexto da pandemia deixou bastante claro que as ações de difusão dos acervos e as ações educativas, e também de pesquisa, dependem agora do meio digital para ser bem-sucedidas. E, no caso do MHN, nos manter ainda em consonância com a nossa missão institucional.
A presença do museu nas redes sociais e nas plataformas digitais de difusão de acervo, como Tainacan e DocPro, tem sido bastante demandada neste período – o que tornou esses canais a nossa principal via de acesso e de diálogo com o público.
Para finalizar: o MHN completará 100 anos de criação em 2022. Como o museu está se preparando para celebrar essa data excepcional para um museu brasileiro?
MS: O MHN precisará, principalmente depois desta pandemia, se reinventar e se apresentar renovado para as comemorações em 2022. Além das ações que já vêm sendo empreendidas para modernização da infraestrutura do museu, vamos ter que pensar em novas formas de comunicação com os públicos, considerando, agora, no meu entender, que todas as atividades deverão ser elaboradas para acontecer tanto no meio físico – com a presença de público, funcionários e acervos em exposição no próprio museu – mas também contar com a versão desses eventos adequada ao formato virtual.
Ou seja: tudo aquilo que estamos pensando para celebrar o centenário do MHN, em 2022, deve também estar imbuído desta visão, que amplia as formas das atividades e nos aproxima especialmente dos públicos infantil e jovem – tão familiarizados com o universo digital. Acho que esse será o maior presente de aniversário que o MHN vai poder proporcionar, muito em breve!
Mais informações sobre o Museu Histórico Nacional podem ser obtidas pelo endereço eletrônico faleconosco.mhn@museus.gov.br.
Texto: Ascom/MHN
Fotos: Divulgação/MHN