O Museu Histórico Nacional recebeu, no início de maio, diversos itens de valor simbólico que pertenceram a atriz, cantora e performer Rogéria, doados por sua amiga e colega de palcos Suzy Parker.
Em 25 de maio de 1943, nascia Rogéria, batizada Astolfo, na cidade de Cantagalo (RJ), personagem pioneira de um movimento que sacudiu a cultura brasileira: os shows de travesti. Foi maquiadora na TV Rio e em 1964, ano do golpe civil-militar, estreou nos palcos cariocas, dando início a uma carreira de sucesso até sua morte em 2017.
Para o museólogo Pedro Heringer, diretor substituto do MHN, “Rogéria foi uma das mais importantes artistas do país, sendo a primeira travesti a fazer sucesso na TV. Alguns de seus objetos pessoais, que agora fazem parte do acervo, significam a busca do museu por novos protagonismos, a ampliação de nosso discurso e da capacidade de contar cada vez mais histórias”.
Assim, o museu acrescenta ao seu acervo, a partir de uma trajetória pessoal, um momento importante da história da comunidade LGBT+. O MHN possuía dois programas de teatro relacionados à artista: um deles, “Por via das dúvidas”, dirigido por Agildo Ribeiro em 1973, e alvo da censura, foi abordado no livro “História do Brasil em 100 objetos do MHN”.
Stella-Lizarra, amiga de Rogéria e uma das responsáveis pela doação, conta da coragem da artista, que mudava o script conforme a presença ou ausência do censor no dia da apresentação. Para ler o artigo, baixe a publicação gratuitamente – versões impressa e audiolivro (link).
Rogéria foi estrela em Paris, excursionou por diversos países, mas elegeu o Brasil como seu lar. Em 2016, o filme “Divinas divas”, de Leandra Leal, trouxe à tona a história de Rogéria e de outras artistas ‘transformistas’, como eram conhecidas nos primeiros tempos.
“Sou a travesti da família brasileira! ”, sentenciou Rogéria, por várias ocasiões, ao longo da vida. O lugar da artista na história da cultura brasileira, ao abrir caminhos e quebrar tabus, ganha agora um novo capitulo com essa doação.
Imagens: Rogéria no programa do espetáculo “Por via das dúvidas” (capa do site)/Arquivo Histórico MHN
Texto: Ascom/MHN