Em 1870, um empresário português dava início a um negócio inédito no Brasil: a manipulação de extratos vegetais de plantas, ervas e flores brasileiras para a fabricação de cosméticos e medicamentos.
Em 2020, as farmácias Granado completam 150 anos de criação e uma exposição no Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro (RJ), vai contar os pontos altos dessa história.
De 15 de janeiro a 3 de maio de 2020, a exposição temporária ‘A história da botica mais tradicional do Brasil” dará ao público a chance de conhecer o acervo inédito da marca, com mais de 300 itens.
Na exposição se entrelaçam tanto o desenvolvimento da cidade do Rio, quanto o crescimento da farmácia e a sua comunicação com o público. O passeio começa pela origem da marca com seus rótulos, embalagens e impressos de diferentes épocas.
Em seguida, o visitante faz uma viagem no tempo através de produtos icônicos, registros de clientes ilustres que frequentavam a botica, condecorações nacionais e internacionais recebidas.
Ao final, tem a chance de conhecer a produção e desenvolvimento dos produtos e visitar duas salas interativas sobre o universo da perfumaria.
Fonte de inspiração
Para as historiadas Ana Maria Pereira de Almeida e Jacqueline de Araújo, responsáveis pela pesquisa e preservação do acervo das farmácias Granado, as peças, que formam um “conjunto dinâmico”, servem como fonte de pesquisa e inspiração para o desenvolvimento de novos produtos e comunicação da marca.
“A Granado participou de várias fases da história do país. É muito bom poder comemorar esse momento dividindo a riqueza do nosso acervo com o público”, diz Sissi Freeman, diretora de Marketing da empresa. “Os produtos de farmácia e perfumaria são parte da vida cotidiana e promovem uma combinação especial entre sentidos e lembranças, que fazem da história um universo afetivo”, aponta Paulo Knauss, diretor do MHN.
Com a exposição, reforça Knauss, o MHN renova seu “compromisso com a história e a memória da farmácia no Brasil”, estabelecido ao menos desde a década de 1980, quando foram reunidos em seu acervo os bens móveis da centenária farmácia homeopática Teixeira Novaes, inaugurando um espaço expositivo que se tornou de destaque para os visitantes do museu.
Como tudo começou
Em 1870, o português José Coxito Granado funda a botica Granado no Rio de Janeiro (RJ), então capital do império, na antiga Rua Direita – atual Rua Primeiro de Março.
Em seus primórdios, a ‘pharmácia’ manipulava produtos com extratos vegetais de plantas, ervas e flores brasileiras, cultivadas no sítio do seu fundador, em Teresópolis (RJ). Coxito ainda importava produtos da Europa e adaptava suas fórmulas para os padrões locais.
A qualidade e eficácia dos produtos da Granado logo conquistaram a corte de dom Pedro II e, em 1880, foi conferido à empresa o título de Farmácia Oficial da Família Imperial Brasileira.
Já no século XX, a empresa seguiu conquistando espaço: inaugurou novas lojas na cidade do Rio e adquiriu uma fábrica em Belém (PA), onde passou a produzir os sabonetes em barra.
O português Coxito Granado também se aventurou no ramo de publicações. Entre os anos de 1887 e 1940 editou o almanaque anual “Pharol da medicina”, no qual médicos, farmacêuticos e público eram informados sobre os novos produtos da sua farmácia.
Em meados dos anos 1990, após três gerações na família, a farmácia passou a ser presidida pelo inglês Christopher Freeman. Em 2004, a Phebo foi incorporada à empresa, bem como os produtos que fabricava. A empresa modernizou seu complexo industrial e chega hoje a 80 lojas, tendo ainda ampla distribuição de produtos na Europa.
A exposição “A história da botica mais tradicional do Brasil” pode ser visitada de terça a sexta, das 10h às 17h30. Aos finais de semana e feriados, das 13h às 17h. A entrada custa 10 reais (inteira) e 5 reais (meia). Aos domingos a entrada é gratuita. Confira outras gratuidades em nossa página web. Para outras informações, faça contato pelo telefone (21) 3299.0324 (recepção).
Texto: Ascom/MHN
Fotos: Acervo Granado/Divulgação